“Recolha um cão na rua, dê-lhe de comer e ele não lhe morderá: eis a diferença fundamental entre o cão e o homem.” (Mark Twain)
Eu, vinte anos de idade. Fortuna, quatro anos. Ela, uma cadela vira-lata. Eu, um Homo sapiens. Em um elevado estado de embriaguez, voltando de um bar fim de carreira, deparo-me com uma cadela delicada, dócil e simpática. Tento olhar em seus olhos, mas ela me tem virado a cara e deitado suas costas no chão frio pedindo apenas um carinho. A aliso. Sinto em sua barriga a fome e a carência em seu coração. Estando apenas um quarteirão de casa e bêbado, assobio e chamo pra vir comigo. Ela vem! Quando chego em minha residência, eu a alimento e lhe dou carinho. Dou-lhe um nome: Fortuna. Deusa romana da Sorte, boa e má. No caso dela, boa. Afinal, ela deu muita sorte em encontrar um bêbado como eu e convidá-la para minha casa sem querer um nada em troca, sem nem ter-lhe oferecido um drink (enquanto isso ela cheira a minha perna).
Ela, um animal “irracional”, não pensa nas suas ações futuras, age basicamente por instinto e mesmo assim faz um humano qualquer parecer um grão de areia no deserto (para mim), mesmo me pedindo apenas carinho e um pouco de comida, me faz crer que todos os outros animais, menos nós, precisamos apenas de um motivo para viver: o simples fato de estar vivo! Por que nós precisamos de luxo? Por que convivemos com o desejo de sempre mais? Um de nós poderia pensar apenas no próximo, ou no próximo e em nós, mas nem disso somos capazes. Adquirimos a capacidade de pensar apenas no eu. Ao longo da história nós nos tornamos um bando de ego-maníacos em que achamos que o próximo milionário será você ou o seu filho. Mas por que a fortuna se você vai morrer com seu trabalho? Com certeza você vai ser lembrado, mas você nem sabe se vai ta vendo o que fazem em seu nome. A inteligência do homem é o seu veneno. Se a fruta do pecado, no Éden, trouxe a ambição, luxuria e agregados, ela devia ter um gosto horrível. O homem se tornou o que menos D’us queria, mas mesmo assim, ainda vivemos, talvez pela inteligência ou pela política, mas nunca seremos um terço do que os ditos “animais irracionais”.
(A conclusão na dissertação de um embriagado)
Na essência da vida, vivam! E acima de tudo, dê amor a quem não entende o valor do real, dólar, iene, euro, peso e etc. Esse, nunca lhe morderá!
Adote um animal, melhor amigo você não achará!
(Angelo Patrício)
1 comentários:
Apoiado!
Very Good!
^^
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